Quando a gente pensa em viagem para África logo pensa em safári, mas ainda há pouca informação disponível e muitas vezes acabamos optando pelo mais seguro – e caro. Vamos resolver isso? Vim aqui explicar para vocês como fazer um safári econômico na África do Sul. A resposta curta para isso é fazer safári no Kruger, mas vou te explicar tudo direitinho. Aproveita e confere o meu roteiro de 14 dias por lá.

Primeiramente, saiba que o lugar mais democrático e econômico para safári, o Kruger, é um parque nacional do tamanho do estado do Sergipe. Ele tem toda a estrutura necessária para receber o visitante – de posto de gasolina à mercadinho e ATM (aquele caixa eletrônico multibanco), distribuídos em 23 restcamps.

Mapa do parque

Safári no Kruger: como chegar

Ele fica a 500 km de Joanesburgo – cerca de cinco horas de carro. Há também outras opções de aeroportos mais perto, como Nelspruit, Mpumalanga e Hoedspruit. No meu caso, perderia muito tempo esperando entre um voo e outro em Joanesburgo por isso – e um pouco de economia – fiz o trecho de carro locado. Considere que meu pouso estava previsto em JNB (Aeroporto Internacional Oliver Tambo) às 7:30. Os voos para o Kruger partem do aeroporto Lanseria, que fica a uma hora do O. Tambo. Inclua nesse cálculo estar uma hora antes em Lanseria, mais meia hora para despacho de bagagem e uma hora de voo em si . Neste caso,  já temos em três horas e meia de duração na opção de deslocamento aéreo. Por fim, é recomendável deixar uma margem considerável no desembarque para possíveis atrasos, problemas na imigração e todos os imprevistos – além do câmbio, freeshop, banheiro, etc.

Pensando apenas em uma hora de voo X cinco horas de carro, voo parece uma boa opção, mas não é só isso, não é mesmo?!

Safári no Kruger: o parque

Chegando ao parque você precisa pagar a taxa de conservação no valor de 400 rands por adulto ou 200 rands por criança (aproximadamente 115 / 58 reais) por dia (2019). Para te ajudar, eu explico melhor a moeda aqui. O pagamento da taxa pode ser feito antecipadamente através do site oficial dos Parques Nacionais Sul com cobrança de IOF. Ainda assim, isso torna o processo de acesso um pouco mais rápido: você apresenta os documentos dos passageiros, comprovantes e preenche um formulário com termo de responsabilidade e tem o acesso liberado. Eu optei pela conveniência de chegar lá com o máximo de coisas já pagas.

Há dez portões de acesso ao parque, e escolher por onde entrar depende de até onde você vai. Primeiro você escolhe onde se hospedar e então joga no Maps, que ele te dá o trajeto mais rápido. No meu caso, foi um portão menos usado e o acesso foi super tranquilo.

Regras do safári no Kruger

Uma vez dentro do Kruger, para sua segurança e dos demais, existe um Código de Conduta que deve ser respeitado, mesmo que você ainda não esteja fazendo o safári propriamente dito, afinal você já está dentro do parque:

  • Permanecer dentro do veículo, a menos que estejam em uma área designada isso inclui não colocar os braços para fora;
  • Limite de velocidade: nas estradas calçadas – 50km/h; nas estradas não asfaltadas – 40 km/h;
  • Os horários dos portões devem ser rigorosamente respeitados;
  • Não é permitido dirigir fora das estradas;
  • Não alimentar ou perturbar os animais;
  • Restrição de ruído entre 21:30 e 06:00;
  • Patins, skates, bicicletas e motos não são permitidos;
  • Nenhum animal pode ser levado ou tirado do parque;
  • Nenhum derivado de animal selvagem – carne, peles, etc. – pode ser removido do parque.

Por fim, você deve lembrar que você é o ser estranho e que os animais estão em seu habitat, deve respeitar o espaço deles e respeitar as regras para sua própria segurança. Seguimos todas as regras e não tivemos nenhum problema.

Safári no Kruger: hospedagem

Ao todo são 23 opções de restcamps dentro do Kruger, hospedagens oficiais que devem ser reservadas com antecedência no site SANparks. Todos os “alojamentos” possuem cozinha e banheiros – individuais ou coletivos. Há tendas, bangalôs e casas – com ar condicionado! É claro que quanto melhor for a estrutura disponível, mais caro será o valor cobrado pela noite. Você pode levar toda a parafernalha e praticamente acampar ou escolher um lugar que tenha até mesmo restaurantes – mas há sempre o meio termo.

Como escolher

Restcamp - Safari no Kruger

Para escolher o seu lodge você tem algumas opções: se apaixonar por um; considerar a localização e logística em relação aos animais de cada região; avaliar a estrutura; e o mais importante, a disponibilidade. Leve a sério o “reserve com antecedência” – três meses antes não é antecedência suficiente (ou eu tive muito azar)!

No meu caso, considerei a logística e localização dos animais, desta forma, escolhi ficar uma noite mais ao sul e outra no meio do parque. Depois disso, eu verifiquei a disponibilidade das opções e elas eram bem limitadas, então não foi tão difícil escolher. Não tenha medo, os alojamentos são muito bem estruturados, mas lembre-se que você está no meio da savana, não espere o padrão de um hotel cinco estrelas no V&A Waterfront na Cidade do Cabo.

Muito melhor do que o esperado!

Placa restcamp Kruger

Na primeira noite ficamos em um bangalô com três camas de casal, geladeira, ar condicionado e pia – sem banheiro ou cozinha. Não era a nossa primeira opção, mas era a única opção que tínhamos. Usamos o banheiro coletivo: uma espécie de vestiário com box individual. Durante a noite fomos com a lanterninha na cabeça, toalha de rosto em uma mão e papel higiênico de precaução na outra. A cozinha não possuía utensílios, mas tinha uma caldeira maravilhosa que encheu nossa garrafa térmica e nos rendeu café o dia inteiro . Nós fomos um pouco preparados: levamos uma garrafa térmica, talheres, pratos e copos térmicos descartáveis, porém tudo isso estava a venda também nos mercadinhos dos alojamentos.

O bangalô da noite seguinte possuía banheiro, ar condicionado, cozinha, utensílios e também tínhamos uma churrasqueira.  Por isso, compramos lenha, fósforo, carne e legumes no mercadinho e fizemos um braai, o churrasco sul africano.

Além do Kruger

A outra possibilidade é ficar hospedado nos hoteizinhos perto dos portões de acesso, mas do lado de fora do parque. É um pouco mais econômico, você passará pelo controle de acesso diariamente e terá mais opções de coisas para fazer a noite. Mas não se iluda, os hoteizinhos são bem simples, alguns até mais simples que as opções dentro do parque, a não ser que você escolha aqueles mais estruturados (e caros).

Self safári X Safári guiado

Self safáriSelf safári é aquele que você faz por conta própria como carro locado, pode ser no Kruger ou em qualquer outro parque. Nesse caso, você terá que localizar os animais sozinho, e nem todo mundo tem o olho tão afiado.

Depois de um dia inteiro procurando bichinho cada moita vai parecer esconder um impala, as girafas estarão completamente camufladas em meio às árvores e até mesmo um enorme elefante pode passar batido. Em contrapartida, você estará trafegando muito lentamente, e isso vai ajudar na localização, e sempre que você avistar alguns veículos parados no meio da estrada é sinal de que há algum animal por perto – resta descobrir onde.

Durante o nosso safári no Kruger avistamos MUITOS animais, principalmente próximos da estrada ou mesmo cruzando-a – não usamos o binóculo em momento algum. Além disso, cruzamos com um veículo do parque que recém tinha avistado um grupo de leões, o motorista parou ao lado do nosso carro e nos orientou como chegar neles. Não tivemos sucesso na empreitada, não sei se simplesmente não os vimos ou se eles já não estavam mais no local. Ainda assim fomos parar em um lago e admiramos hipopótamos.

Vantagens e desvantagens

Safári reserva privada

Quando você opta pelo safári oferecido pelo lodge – ou qualquer outro particular – as chances de avistar os animais passam a ser um pouco maiores. Isso porque existe uma comunicação intensa entre os guias, sempre informando onde os animais estão concentrados.

Acontece que esse tipo de passeio é um pouco mais curto e eventualmente seu grupo não vai se deparar com os animais que esperava, enquanto de carro você pode percorrer distâncias maiores e passa mais tempo nessa busca.

Conversei com algumas pessoas que estiveram no Kruger nos mesmos dias que eu e fizeram o safári acompanhado e descobri que eles viram os mesmos animais que eu, por isso não me arrependi de optar pelo self safari e sugiro que você faça o mesmo, salvo se não puder dirigir.

Safári no Kruger x Reserva Privada

Pôr do Sol KrugerVocê se lembra que eu decidi ficar uma noite em uma reserva privada para ter certeza que veria muitos animais? Pois bem, eu só vi mais do mesmo. A exceção foi o leopardo que apareceu muito perto do lodge durante a noite. Os hosts foram muito atenciosos: estávamos jantando e eles nos interromperam para dar a informação e ofereceram nos levar para vê-lo. Acredito que isso foi possível por sermos os únicos hóspedes daquela noite, se fosse um grupo maior a rápida decisão e logística poderia falhar.

Eu adorei me hospedar no Maninghi – um dos melhores lugares que já estive na vida -, mas o game drive e o game walk não foram os pontos altos da estadia. Alguns hotéis também oferecem o safári acompanhado dentro do Kruger.

Resumindo, no Kruger você pode fazer um safári econômico, no seu próprio tempo, No entanto, se não se sentir seguro fazendo o self safári, pode ainda optar pelo oferecido pelo parque, com preços justos. A África do Sul é um país encantador, da natureza às pessoas, então não deixe o medo do diferente te impedir de conhecê-la! Para saber os custos completos de uma viagem pelo país leia esse post, onde detalho todos os gastos da minha viagem.

Para te ajudar, leia Tudo o que você precisa saber antes de ir para África do Sul.

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